Relendo "O meu pe de laranja lima", envergonhado. O meu primeiro livro "a serio", nao infantil nem juvenil, que eu levava pelos corredores do colegio para ter forca e me sentir menos sozinho aos doze anos. O Zeze era o meu tronco e falava comigo. Tenho vergonha de nao ter relido antes, porque esta ca tudo, e ate parece simples. Comove e faz rir a cada pagina. Eu nao sabia chorar como crescido antes de o Mauro mo ter ensinado. Eu tinha um poema ao pai que era uma merda, dizia o pai. Mas queria concorrer com ele a um concurso literario que tambem era para crescidos. Nao vou contar a historia toda aqui, ja, ate porque a tenho guardada para depois do oceano. Sei que tive dificuldades, as lagrimas correram, eu pensava que ainda eram lagrimas de menino, mas o Mauro, o Zeze e, principalmente, o tio Edmundo, disseram que era direito fundamental, que qualquer homem choraria nessa circunstancia. Quem ganhou aquele concurso literario de crescidos foram dois meninos ex-aequo: um de treze anos que se chamava Paulo Rangel, e um de doze que se chamava eu. Eu levava "O meu pe de laranja lima" na mao quando fui receber o premio. O resto conto mais tarde.